João Tavares em fotografia do ano de 2024. Foto: Railson Wallace. |
João Tavares Brito da Cruz nasceu no ano de 1951, no rio Maúba, interior do município de Igarapé-Miri, divisa com município de Abaetetuba. Passou sua infância naquela localidade, onde trabalhou como pescador, em atividades como a pesca do camarão e a pesca do mapará, trabalhando também em lavrouras de cana-de-açúcar junto ao seu pai, sendo a produção, abastecia os engenhos da região do rio Panacauera, como o Engenho Mambo e o Engenho Santa Cruz.
Desde criança, quando ainda morava no rio Maúba, João já tinha uma conexão com as entidades da umbanda, as forças sobrenaturais já se manifestavam em sua vida. Isso fez com que a sua família se mudasse para o município de Abaetetuba, pois seus pais não aceitavam o dom de seu filho. O pai e a mãe de João, acreditavam que se a família saísse daquela localidade, acabariam as manifestações na vida de João.
João Tavares em seu terreiro no Bairro da Matinha. Foto: Ricardo William. |
Ao chegar no município de Abaetetuba, João começou a trabalhar em lavrouras "roça", mas mesmo assim não adiantou, pois as manifestações em sua vida ficaram cada dia maiores, já era evidente o seu chamado para a umbanda, então João Tavares resolveu abraçar de vez a cultura dessa religião de matriz africana. Ainda com 14 anos foi preso pela ditadura, por exercer sua fé, após ser denúnciado, foi condenado a prisão, mas o juiz daquela época deu a ordem para soltá-lo e mandou o delegado emitir uma licença que permitiria João de praticar sua religião livremente.
Barracão Joana Darc do Sr. João Tavares. Foto: Railson Wallace. |
Depois de anos, o vereador Miguel Seco e o senhor José Ferreira que residiam no rio Meruú, junto ao senhor Sabá que morava no rio Jamorim, pediram o retorno de João Tavares para o município de Igarapé-Miri. João passou a morar em uma casa que pertencia ao Senhor Sabá, que ficava localizada no bairro da Matinha. Anos depois, João encontrou sua afilhada, que lhe doou o terreno, onde construiu o barracão "Joana Darc" (em homenagem a santa francesa), lá João Tavares pôde exercer sua fé e praticar a sua religião.
João Tavares venceu a prisão, venceu o preconceito pela sua fé, e hoje, é um dos líderes da comunidade dos bairros da Matinha e do Jatuíra. Seu João é um exemplo de luta e superação.
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